O grafite

Saiu texto meu na revista Tempos Crônicos 

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O grafite

por Carolina Schettini

Ela caminha todos os dias por um muro de lata grafitado: "Trago amor por cigarro".

Quando lê a frase, sempre lhe vem outro sentido, outra palavra, o que gostaria de escrever e trocar de lugar e criar uma frase só sua.

Na maioria das vezes, troca o cigarro por outro substantivo. O verbo tragar se transmuda para o verbo trazer. Trago amor por você.

De tanto reparar em muros grafitados, em poesia rápida para se ler com pressa, em frases em postes, em desenhos em muros, já se reconheceu.

Saindo do aeroporto, havia um desenho: uma moça segurando uma xícara de café. Era ela.

Numa viagem, em um caminho triste dentro do táxi, avista outro retrato perdido no muro.

No calor impróprio, se viu no espelho. Em preto e branco, também era ela.

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